terça-feira, novembro 22, 2011

A crise na Europa e a saída antidemocrática


Por Aquiles Melo

“It has produced a political and institutional crisis because the model of (non) resolution of the crises that has been imposed entails, de facto, the transfer of real sovereignty from democratically elected Parliaments and governments to international financial markets, with or without the cosmetic mediation of intermediaries with more democratic legitimacy, as is the case with EU institutions.


     Os professores Jorge Garcia-Arias, Eduardo Fernandez-Huerga e Ana Salvador, todos ligados à rede Research on Money and Finance publicaram em setembro desse ano um excelente artigo sobre a crise na Europa e as consequências para os modelos de democracia adotados para sua superação. Intitulado de European Periphery Crises, International Financial Markets, and Democracy: Moving Towards a Globalized Neofeudalism?, esse artigo relaciona os (des)caminhos  das políticas econômicas adotadas na UE e as alternativas antidemocráticas adotadas pelos governantes.


     Os autores iniciam explicando as origens e causas da recente crise econômica e financeira européia focando, especialmente, os países da periferia da Zona do Euro. Desta feita, eles analisam o conjunto de políticas ortodoxas adotadas pelos governos e instituições internacionais na tentativa de gerenciar e resolver a crise. A partir daí os autores passam a propor políticas alternativas para a União Européia.

    A novidade do artigo está ao final, onde os autores passam a uma análise de como as políticas econômicas postas em prática não só não resolvem a crise como também representam um risco aos modelos democráticos na medida em que transfere o controle legítimo dos cidadãos e parlamentares sobre o governo para os agentes não eleitos e não-representativos do mercado financeiro.

     É bem interessante esse aspecto, na medida em que vemos governos cancelando plebiscitos (como na Grécia) ou mesmo elegendo de última hora senadores vitalícios (caso da Itália) para que tecnocratas assumam cargos com o de primeiro ministro, implantando políticas fiscalistas redutoras de direitos básicos como saúde e educação, tudo isso sem qualquer consulta à população.

     Nessa situação de crise, colocam os autores:

     “if citizens do not realize this situation and call for the reversal of the process, we could be taking the first steps on our way toward a new “old social order”, closed but, in this case, global rather than national (which minimises the possibilities of escape), with a diluted developed/underdeveloped dichotomy. That is, we would have small global groups of elites holding political and economic power and monopolising income and productive and educational resources, as opposed to frightened, drowsy, and submissive majorities with survival income, casual employment, and the promise of blood, sweat, and tears in order to reach a hypothetically better future (which is already available in the present given the level of available income at the national and world level, but it is always postponed as an incentive for individual super-competitiveness) among those who are made to believe that they are responsible for their own failures.

     Após reconhecerem esse caminho que trilha a destruição do Estado de Bem Estar Social da Europa, os autores analisam as figuras escolhidas para avançar no conjunto de reformas ultra-liberais. Segundo colocam,

     “The pathetic pilgrimage of peripheral countries’ Ministers and Deputy Ministers of Economy to the main international financial marketplaces and their meetings with the staff of ultra-liberal newspapers, executives from rating agencies, and some of the most active dealers and brokers in the design and application of strongly destabilising speculative practices, gives a precise idea of who the ‘new social agents’ are, and to whom the European countries´ governments are responding for their policies.

     Enfim, leiam o excelente artigo e vamos debater! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário