terça-feira, julho 24, 2012

Do Crescimento com Lula à Estagnação com Dilma


do blog Marx21.com


O ciclo econômico positivo originado durante o governo Lula agora se desfaz com o governo Dilma. Do boom das exportações de commodities, dos aumentos dos salário mínimo, da redução da pobreza, do aumento do consumo das famílias e do aumento dos gastos do governo, vivemos agora a reversão completa com políticas de fortes cortes de gastos públicos e falta de reajustes a servidores federais. Conjugada à crise mundial, as políticas econômicas adotadas por Dilma vão na contramão do crescimento brasileiro. Em lugar de estimular a demanda, o governo atual preferiu optar erroneamente pela austeridade nos gastos públicos. Como medidas emergenciais, Dilma agora adota políticas para atuar no lado do barateamento do crédito e da desoneração da folha de salários, sem maiores preocupações com a demanda agregada. O declínio constante do PIB brasileiro não esconde as opções de Dilma. A análise é de Ricardo Summa.
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Acompanhe abaixo a gravação da recente apresentação de Ricardo Summa, professor do departamento de economia da UFRJ, sobre a atual política econômica do governo Dilma




(*) Vídeos publicados originalmente no blog da Revista Circus.
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Aproveito para complementar a discussão com um interessante comentário do professorFranklin Serrano feito através do Facebook:
“Eu acho (e o Summa também) que desonerar o salário em nada adianta para combater o subemprego e a informalidade. Um problema teórico de que para a desoneração funcionasse no caso mais geral teríamos que acreditar que existe forte efeito substituição entre um suposto fator de produção capital e o trabalho. O problema é que a desoneração geral afetaria também os salários dos setores que produzem os bens de capital e aí em geral nada pode ser dito sobre a mudança do coeficiente de trabalho quando o custo salarial cai. O outro problema mais simples é que mesmo que desoneração torne mais lucrativa técnicas mais intensivas em mão de obra (riquixás substituiriam taxis !) tem o problema de que isso apenas aumenta a margem de lucro das empresas e não suas vendas. Desonerar em geral nada aumenta a demanda efetiva da economia. Apenas concentra renda. Desonerações em setores específicos com problema de competitividade podiam dar um alívio para setores que estão na margem da extinção pela concorrência chinesa. Mais aí como a produtividade deles aumenta o tempo todo e a nossa não por falta de política industrial e tecnológica, ia ter que ter uma desoneração nova todo ano e um dia ia ter que acabar nossa previdência. Além disso, note que nos últimos anos o subemprego caiu muito e a informalidade também e o instrumento para isso parece ter sido o AUMENTO do salário minimo e dos custos salariais. Aconteceu o exato contrário do que tinha que acontecer para a tese da desoneração geral da folha de salários fazer sentido. [...] Na prática, se o problema é emprego, em geral é melhor o governo gastar direto ou fazer transferências para os mais pobres que tem maior propensão a consumir. Se o problema é competitividade industrial, é melhor fazer política industrial, de preferência através de compras públicas com exigência de upgrade tecnológico. Desonerar empresas é fácil e os empresários adoram, mas concentra renda e não adianta muito pelos motivos acima.”

Mangabeira Unger no Roda Viva

Interessante entrevista com Mangabeira Unger. Importante notar é que, enquanto a direita e até mesmo o que ele chama de esquerda propõe soluções e alternativas para nosso país, a "verdadeira esquerda" se cala no aguardo se os próximos passos do governo terão resultados positivos (PT), ou então recaem no denuncismo e na crítica estéril que não propõem qualquer alternativa, senão sonhos. (PSOL)


Roda Viva recebeu, no dia 16 de julho de 2012, o filósofo, jurista e ex-ministro de Assuntos Estratégicos do governo Lula Roberto Mangabeira Unger, que falou sobre política – nacional e internacional. Roberto Mangabeira Unger foi professor do presidente americano Barack Obama, na Universidade de Harvard (EUA), onde é professor titular. Recentemente, o jurista divulgou um vídeo defendendo a derrota de seu ex-aluno nas próximas eleições presidenciais do país. Sua posição contrária ao governo Lula também foi assunto em pauta. Unger afirmou, em artigo no jornal Folha de S. Paulo (2005), que esse era o governo mais corrupto da história. Depois disso, ele foi nomeado para o cargo de ministro. No Roda Viva, ele afirmou: “Eu reconheço que temos um problema estrutural de corrupção no Brasil, mas esse problema tem soluções e passam pelo financiamento de campanhas e pela reforma de processo orçamentário”.