quinta-feira, agosto 30, 2012

A Desaceleração Rudimentar da Economia Brasileira desde 2011 - Franklin Serrano

Publicado em marx21.com



    A economia brasileira experimentou na segunda metade dos anos 2000 um período de  crescimento mais rápido, inflação controlada e uma melhora na distribuição de renda e redução da pobreza devido a uma grande mudança nas condições externas aliada a uma mudança pequena, mas muito importante, na orientação da política macroeconômica interna. A média de crescimento do PIB no período 2004-2010 foi de 4,5%, pouco mais do dobro do observado no período 1995-2003. Porém, a partir de 2011, vem ocorrendo uma desaceleração do crescimento econômico, em que a taxa de 7,5% em 2010 foi progressivamente se reduzindo a cada trimestre, atingido 2,7% para o ano de 2011 como um todo. Ao que tudo indica o crescimento do PIB deve ser menor ainda em 2012. Ao contrário do que ocorreu no período de 2004-2010, a recente redução drástica da taxa de crescimento da economia brasileira se deveu relativamente mais a mudanças na condução da política macroeconômica interna do que às mudanças na situação externa. A análise é de Franklin Serrano e Ricardo Summa.

Leia : A Desaceleração Rudimentar da Economia Brasileira desde 2011 com a análise completa dos professores Serrano e Summa sobre o comportamento da economia brasileira no governo Dilma.



terça-feira, agosto 28, 2012

A natureza da estagnação brasileira - José Luis Oreiro

em Valor Econômico 30/07/2012

"Estimular o consumo por intermédio de reduções semi-permanentes de impostos e estímulos ao aumento do endividamento das famílias são contrários ao que se deve fazer para restabelecer o dinamismo da economia brasileira", avalia José Luis Oreiro , professor do departamento de economia da Universidade de Brasília, em artigo publicado no jornal Valor, 30-07-2012.
Segundo ele, "a retomada do crescimento em bases sustentáveis exige um aumento combinado da capacidade produtiva e da taxa de crescimento da produtividade do trabalho".
Eis o artigo.

Os dados divulgados recentemente pelo Banco Central confirmam a continuidade do estado de semi-estagnação da economia brasileira que eu havia mencionado num artigo publicado em janeiro deste ano no Valor ("O retorno à semi-estagnação"). Naquela ocasião eu havia argumentado que essa semi-estagnação era o resultado de um processo de natureza estrutural que vem se desenvolvendo na economia brasileira nos últimos anos, ou seja, a desindustrialização.

Dessa forma, o retorno a taxas de crescimento mais robustas exigem a adoção de políticas que induzam a mudança estrutural da economia brasileira com vistas ao aumento da participação da indústria de transformação no PIB. As políticas keynesianas tradicionais de estímulo a demanda agregada não são a forma mais adequada de se induzir esse processo, pois o problema fundamental da economia brasileira atualmente não é "encher de ar quente um balão semi vazio", mas sim mudar a natureza do material usado na confecção do mesmo. Em outras palavras, o problema fundamental de nossa economia é mudar a composição da demanda agregada em direção a bens tradeables, em vez de aumentar ainda mais o nível de demanda. A validade dessa afirmação fica comprovada pela simples inspeção da figura ao lado.

Problematizações Acerca do Conceito de um "novo" Estado desenvolvimentista


Artigo de Ronaldo Fianni

RESUMO:

Este trabalho visa discutir, de forma teórica e preliminar, aquelas que seriam as principais características e dificuldades do conceito de Estado desenvolvimentista (ED). Para isso serão discutidas duas questões fundamentais para a adequada compreensão do conceito: i) os objetivos que caracterizam um ED - em outras palavras, que tipo de desenvolvimento busca um ED?; e ii) quais meios institucionais (atuação indireta sobre o ambiente institucional, ou intervenção direta sobre arranjos institucionais específicos) são usualmente empregados por um ED? Adicionalmente, faz-se breve revisão de algumas questões correlatas ao tema. Palavras-chave: Estado desenvolvimentista, Desenvolvimento, Instituições.

Link:  http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_1749.pdf

quarta-feira, agosto 08, 2012

Ipea avaliou a atuação do governo na área social


O boletim, que foi lançado nesta quarta, análisou áreas como a previdência, saúde e trabalho

Nesta quarta-feira, dia 8, foi lançada a vigésima edição do boletim Políticas Sociais: acompanhamento e análise, publicação do Ipea que registra e analisa a evolução da atuação do governo federal sobre as políticas sociais em seus vários aspectos e setores. O periódico conta com nove capítulos, que cobrem as principais áreas de política social: previdência social, assistência social, saúde, educação, cultura, trabalho e renda, desenvolvimento rural, igualdade racial e igualdade de gênero.
A apresentação foi feita pelo diretor de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea, Jorge Abrahão de Castro, e pelo editor do boletim, Roberto Gonzalez, no auditório principal do Edifício BNDES/Ipea (SBS, Quadra 1, Bloco J). A 20ª edição completa o acompanhamento de políticas e programas sociais federais no último ano do governo Lula e já destaca as principais iniciativas tomadas em 2011 pelo governo Dilma Rousseff.
A nova edição traz ainda um artigo especial, que faz um balanço das mudanças promovidas no novo Plano Plurianual (PPA), que vigora desde 2011 até 2015. O texto traça a evolução do plano e discute sua contribuição para organizar o planejamento e a gestão pública.

quinta-feira, agosto 02, 2012

Horizonte sombrio - Paulo Passarinho

Neste  artigo Paulo Passarinho faz uma análise importante do imediatismo que predomina na equipe econômica do governo. Em não possuir uma estratégia de longo prazo para nossa economia, as propostas elaboradas pelo governo se adequam não ás necessidades da população, mas de acordo com a força do lobby dos empresários. Confiram. (Aquiles Melo)

Paulo Passarinho
Em 25 de maio de 2012
Do site:  Correio da Cidadania

Há pouco tempo, escrevi um artigo (No reino do curto-prazo) destacando a dependência do governo, em seu processo de tomada de decisões, de situações conjunturais de curto-prazo.
Esse é um dos elementos que evidenciam a total subordinação do país a diferentes circunstâncias econômicas, sem que tenhamos um norte estratégico definido. Vivemos, assim, a ausência de um projeto de nação que estabeleça metas e objetivos nacionais a serem atingidos no curto, médio e longo prazos, através de meios e instrumentos factíveis e racionais. Algo que no passado era denominado de planejamento.
Vivemos, na verdade, a realidade de um país que navega nas ondas circunstanciais das pressões de um mercado globalizado e cada vez mais concentrado e altamente competitivo. O Brasil atual (com as suas estruturas de poder) passa a ser, desse modo, um administrador de pressões e interesses que surgem dos pólos mais dinâmicos do atual jogo global, notadamente corporações transnacionais e financeiras.
Frente, por exemplo, à fase da crise do capital que se abre a partir de 2007/2008, e que no momento aponta para o agravamento da situação de crise na Europa, com a possibilidade de a Grécia deixar a área do euro, o governo procura se agarrar a qualquer expediente que lhe garanta que a economia brasileira possa ter, agora em 2012, uma taxa de crescimento um pouco maior que a obtida em 2011.
Para tanto, Guido Mantega, o ministro da Fazenda, apresentou nesta semana um novo pacote de incentivo ao consumo, especialmente voltado para a indústria automotiva. Reduções na cobrança do IPI, diminuição do IOF em operações de crédito às pessoas físicas, liberação de recursos de R$ 18 bilhões dos depósitos compulsórios do Banco Central para “irrigar” o crédito e taxas de juros mais reduzidas no BNDES foram as principais medidas anunciadas.
Um dia após esse anúncio, o próprio ministro, em depoimento no Senado, admitiu que houve pressões das montadoras na elaboração do pacote. Com os seus pátios cheios de automóveis, as fábricas ameaçavam com demissões ou férias coletivas os seus empregados.
O governo tenta um pouco mais do mesmo. No início da crise, em 2008, o governo apostou na demanda interna, no consumo das famílias, para garantir taxas positivas de crescimento. Perdeu em 2009, com o resultado negativo do PIB, mas ganhou folgadamente em 2010, um ano eleitoral e que garantiu a eleição de Dilma à presidência.
Contudo, o quadro atual é diferenciado. Com a expansão das vendas a crédito no país, com um custo financeiro muito elevado, por conta das altas taxas de juros, há um endividamento acumulado bastante elevado e o nível de inadimplência das famílias começa a preocupar. A renda real dos trabalhadores somente se eleva nos estratos mais pobres da população, assim como o próprio emprego. Mesmo em um contexto de redução das taxas de juros, nota-se que os pátios das montadoras revelam que existe uma saturação da demanda por automóveis – assim como de outros bens de consumo duráveis – que dificilmente será de fato revertida com as medidas anunciadas.
A alternativa de se buscar através do incremento dos investimentos uma saída para a reversão do baixo crescimento econômico também parece problemática. No plano privado, as incertezas provocadas pela própria crise não nos possibilitam imaginar uma mudança no patamar de investimentos que nos últimos anos temos observado, mesmo com o endividamento contraído pelo Tesouro para incrementar a atuação do BNDES junto aos seus clientes privados. Pelo lado da iniciativa direta do Estado, a ditadura fiscal do superávit primário nos impede de qualquer esperança de uma mudança na atual taxa de investimento do setor público.
Complicando um pouco mais o quadro em que se debate o governo, nas últimas semanas a saída de dólares do país se intensificou. A acentuada queda nas cotações do Ibovespa revela essa pressão de venda de ações, especialmente por parte de investidores estrangeiros, mas também por parte de especuladores brasileiros.
A curiosidade dessa situação – que fez com que nessa semana o dólar chegasse a ser negociado a R$2,10, obrigando o Banco Central a vender parte de suas reservas internacionais para fazer a cotação da moeda americana recuar – é que há muito pouco tempo a preocupação do governo era com a excessiva valorização do Real. Tal qual uma biruta de aeroporto, parece que a sensibilidade das autoridades econômicas depende dos ventos de cada momento.
E essa “fuga do risco” por parte dos especuladores é certamente a maior preocupação do governo. Nos últimos anos, nossa vulnerabilidade externa aumentou enormemente. Além de termos deixado para trás os anos em que o saldo comercial do país cobriu as despesas com o pagamento da nossa conta de serviços, entre os anos de 2003 e 2007, desde 2008 temos contraído crescentes déficits em conta corrente, cobertos pela entrada de capitais para aplicações financeiras ou para a aquisição de ativos reais.
O professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, em recente trabalho (Governo Lula e o nacional-desenvolvimentismo às avessas, publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, de fevereiro de 2012), aponta que o passivo externo total do Brasil (o conjunto dos compromissos do país com os estrangeiros) evoluiu de US$ 343 bilhões, no final de 2002, para US$ 1,294 trilhão.
Descontando-se desse passivo total os investimentos diretos dos estrangeiros (investimentos em ativos reais: fábricas, terras, supermercados e demais negócios produtivos), temos os dados do chamado passivo externo financeiro (aplicações em bolsa e títulos financeiros, incluindo títulos da dívida pública). Em 2002, o total desse passivo era de US$ 260 bilhões e, em 2010, alcançou a cifra de US$ 916 bilhões.
Esses são passivos que rapidamente, em um momento de crise, podem conformar uma forte pressão por liquidez, com o objetivo de serem retirados do país, produzindo fortes pressões sobre o mercado de câmbio. Reinaldo Gonçalves destaca que, mesmo ao se levar em conta as elevadas reservas internacionais do país – sempre lembradas como um poderoso instrumento à disposição do governo –, a situação não é confortável: em 2002, esse denominado passivo externo financeiro líquido era de US$ 222 bilhões; em 2010, ao final do governo Lula, já havia atingido US$ 628 bilhões.
 Além disso, sob o ponto de vista estrutural, não há nenhum indício de uma leve reversão que seja do quadro de desequilíbrio corrente das contas externas. Ao contrário, e os resultados de 2011 e deste 2012 demonstram claramente, há um crescimento cada vez mais robusto do déficit da conta de serviços, puxado pelas remessas de lucros, dividendos e juros da dívida externa, ao mesmo tempo em que a tendência é de uma redução do saldo comercial do país.

Paulo Passarinho é economista e apresentador do programa de rádio Faixa Livre.


quarta-feira, agosto 01, 2012

Brazil's Banks Need to Serve Economy, Navigate Global Risks - Relatório do FMI sobre Estabilidade Financeira do Brasil


O FMI avisa: “Rapid credit expansion in recent years has supported domestic economic growth and broader financial inclusion, but could also create vulnerabilities.” O processo de financeirização da economia brasileira ocorre de forma muito rápida e já fornece sinais de esgotamento de sua capacidade de aquecer a economia. (Aquiles Melo)


Brazil, a member of the Group of Twenty advanced and emerging economies and the world’s fifth biggest economy, has a vibrant financial sector but will need to keep an eye on risks from abroad as well as at home.

Brazil’s financial system has grown in size, diversification, and sophistication, according to the International Monetary Fund’s latest assessment of the country’s financial system.
Over the past decade, financial sector assets more than doubled owing to the stable economy, the expansion of the securities and derivatives markets, and money pouring in from institutional investors from home and abroad.
Thanks to deft policies and built-in cushions, Brazil’s financial system weathered the global crisis that began in 2008 remarkably well. Now, policymakers need to navigate the turbulent global economy and monitor for signs of home-grown financial trouble, the IMF said.

segunda-feira, julho 30, 2012

Presidente do Ipea analisa a 'nova classe média'


Marcio Porchmann lança "Nova Classe Média?"
Por Caio Zinet
Caros Amigos

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Durante a última década, o Brasil vivenciou um intenso fenômeno político e econômico, a ascensão de milhões de pessoas à chamada “nova Classe C”. Para analisar esse novo elemento social brasileiro, o presidente do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), Márcio Porchmann, escreveu o livro "Nova Classe Média?" pela editora Boitempo. O livro tem lançamento e debate programados para o dia 29 desse mês de maio, às 19h30, no prédio da Economia da PUC, em São Paulo.

Para o pesquisador há uma disputa sobre o que represente essa nova Classe, principalmente em torno da discussão se ela pertence a um setor da classe média, ou se é um setor da classe trabalhadora. Para ele, essa discussão tem intensas repercussões sobre a atuação e o papel do Estado .
“Se a identidade que nos estamos tendo é a de classe média a pressão para que o Estado subsidie o setor privado tenderá a ser maior. Se nós entendemos que se trata de novos segmentos no interior da classe trabalhadora a pressão é de outra natureza”, afirmou.
Ele traçou ainda um perfil dessas novas pessoas que ascenderam da base da pirâmide social, que pare ele escaparam da influência das instituições políticas democráticas. Para ele isso tem repercussões importantes na política brasileira.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.