quarta-feira, agosto 01, 2012

Brazil's Banks Need to Serve Economy, Navigate Global Risks - Relatório do FMI sobre Estabilidade Financeira do Brasil


O FMI avisa: “Rapid credit expansion in recent years has supported domestic economic growth and broader financial inclusion, but could also create vulnerabilities.” O processo de financeirização da economia brasileira ocorre de forma muito rápida e já fornece sinais de esgotamento de sua capacidade de aquecer a economia. (Aquiles Melo)


Brazil, a member of the Group of Twenty advanced and emerging economies and the world’s fifth biggest economy, has a vibrant financial sector but will need to keep an eye on risks from abroad as well as at home.

Brazil’s financial system has grown in size, diversification, and sophistication, according to the International Monetary Fund’s latest assessment of the country’s financial system.
Over the past decade, financial sector assets more than doubled owing to the stable economy, the expansion of the securities and derivatives markets, and money pouring in from institutional investors from home and abroad.
Thanks to deft policies and built-in cushions, Brazil’s financial system weathered the global crisis that began in 2008 remarkably well. Now, policymakers need to navigate the turbulent global economy and monitor for signs of home-grown financial trouble, the IMF said.

segunda-feira, julho 30, 2012

Presidente do Ipea analisa a 'nova classe média'


Marcio Porchmann lança "Nova Classe Média?"
Por Caio Zinet
Caros Amigos

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Durante a última década, o Brasil vivenciou um intenso fenômeno político e econômico, a ascensão de milhões de pessoas à chamada “nova Classe C”. Para analisar esse novo elemento social brasileiro, o presidente do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), Márcio Porchmann, escreveu o livro "Nova Classe Média?" pela editora Boitempo. O livro tem lançamento e debate programados para o dia 29 desse mês de maio, às 19h30, no prédio da Economia da PUC, em São Paulo.

Para o pesquisador há uma disputa sobre o que represente essa nova Classe, principalmente em torno da discussão se ela pertence a um setor da classe média, ou se é um setor da classe trabalhadora. Para ele, essa discussão tem intensas repercussões sobre a atuação e o papel do Estado .
“Se a identidade que nos estamos tendo é a de classe média a pressão para que o Estado subsidie o setor privado tenderá a ser maior. Se nós entendemos que se trata de novos segmentos no interior da classe trabalhadora a pressão é de outra natureza”, afirmou.
Ele traçou ainda um perfil dessas novas pessoas que ascenderam da base da pirâmide social, que pare ele escaparam da influência das instituições políticas democráticas. Para ele isso tem repercussões importantes na política brasileira.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.

domingo, julho 29, 2012

Por que tantos filósofos comunistas?


Santiago Zabala é pesquisador e professor de filosofia da Institució Catalana de Recerca i Estudis Avançats, ICREA[1], da Universidade de Barcelona. É autor, dentre outros trabalhos, de The Hermeneutic Nature of Analytic Philosophy (2008), The Remains of Being (2009), e, mais recentemente, com G. Vattimo, Hermeneutic Communism(2011), todos publicados pela Columbia University Press.


Barcelona – Ler Marx e escrever sobre Marx não faz de ninguém comunista, mas a evidência de que tantos importantes filósofos estão reavaliando as ideias de Marx com certeza significa alguma coisa. 

A crise financeira de 2008 despertou um renovado interesse nos escritos de Karl Marx, afirma Zabala [EPA]
Depois da crise econômica global que começou no outono de 2008, voltaram a aparecer nas livrarias novas edições de textos de Marx, além de introduções, biografias e novas interpretações do mestre alemão.

terça-feira, julho 24, 2012

Do Crescimento com Lula à Estagnação com Dilma


do blog Marx21.com


O ciclo econômico positivo originado durante o governo Lula agora se desfaz com o governo Dilma. Do boom das exportações de commodities, dos aumentos dos salário mínimo, da redução da pobreza, do aumento do consumo das famílias e do aumento dos gastos do governo, vivemos agora a reversão completa com políticas de fortes cortes de gastos públicos e falta de reajustes a servidores federais. Conjugada à crise mundial, as políticas econômicas adotadas por Dilma vão na contramão do crescimento brasileiro. Em lugar de estimular a demanda, o governo atual preferiu optar erroneamente pela austeridade nos gastos públicos. Como medidas emergenciais, Dilma agora adota políticas para atuar no lado do barateamento do crédito e da desoneração da folha de salários, sem maiores preocupações com a demanda agregada. O declínio constante do PIB brasileiro não esconde as opções de Dilma. A análise é de Ricardo Summa.
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Acompanhe abaixo a gravação da recente apresentação de Ricardo Summa, professor do departamento de economia da UFRJ, sobre a atual política econômica do governo Dilma




(*) Vídeos publicados originalmente no blog da Revista Circus.
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Aproveito para complementar a discussão com um interessante comentário do professorFranklin Serrano feito através do Facebook:
“Eu acho (e o Summa também) que desonerar o salário em nada adianta para combater o subemprego e a informalidade. Um problema teórico de que para a desoneração funcionasse no caso mais geral teríamos que acreditar que existe forte efeito substituição entre um suposto fator de produção capital e o trabalho. O problema é que a desoneração geral afetaria também os salários dos setores que produzem os bens de capital e aí em geral nada pode ser dito sobre a mudança do coeficiente de trabalho quando o custo salarial cai. O outro problema mais simples é que mesmo que desoneração torne mais lucrativa técnicas mais intensivas em mão de obra (riquixás substituiriam taxis !) tem o problema de que isso apenas aumenta a margem de lucro das empresas e não suas vendas. Desonerar em geral nada aumenta a demanda efetiva da economia. Apenas concentra renda. Desonerações em setores específicos com problema de competitividade podiam dar um alívio para setores que estão na margem da extinção pela concorrência chinesa. Mais aí como a produtividade deles aumenta o tempo todo e a nossa não por falta de política industrial e tecnológica, ia ter que ter uma desoneração nova todo ano e um dia ia ter que acabar nossa previdência. Além disso, note que nos últimos anos o subemprego caiu muito e a informalidade também e o instrumento para isso parece ter sido o AUMENTO do salário minimo e dos custos salariais. Aconteceu o exato contrário do que tinha que acontecer para a tese da desoneração geral da folha de salários fazer sentido. [...] Na prática, se o problema é emprego, em geral é melhor o governo gastar direto ou fazer transferências para os mais pobres que tem maior propensão a consumir. Se o problema é competitividade industrial, é melhor fazer política industrial, de preferência através de compras públicas com exigência de upgrade tecnológico. Desonerar empresas é fácil e os empresários adoram, mas concentra renda e não adianta muito pelos motivos acima.”

Mangabeira Unger no Roda Viva

Interessante entrevista com Mangabeira Unger. Importante notar é que, enquanto a direita e até mesmo o que ele chama de esquerda propõe soluções e alternativas para nosso país, a "verdadeira esquerda" se cala no aguardo se os próximos passos do governo terão resultados positivos (PT), ou então recaem no denuncismo e na crítica estéril que não propõem qualquer alternativa, senão sonhos. (PSOL)


Roda Viva recebeu, no dia 16 de julho de 2012, o filósofo, jurista e ex-ministro de Assuntos Estratégicos do governo Lula Roberto Mangabeira Unger, que falou sobre política – nacional e internacional. Roberto Mangabeira Unger foi professor do presidente americano Barack Obama, na Universidade de Harvard (EUA), onde é professor titular. Recentemente, o jurista divulgou um vídeo defendendo a derrota de seu ex-aluno nas próximas eleições presidenciais do país. Sua posição contrária ao governo Lula também foi assunto em pauta. Unger afirmou, em artigo no jornal Folha de S. Paulo (2005), que esse era o governo mais corrupto da história. Depois disso, ele foi nomeado para o cargo de ministro. No Roda Viva, ele afirmou: “Eu reconheço que temos um problema estrutural de corrupção no Brasil, mas esse problema tem soluções e passam pelo financiamento de campanhas e pela reforma de processo orçamentário”.

domingo, julho 22, 2012

O Brasil (ainda) precisa planejar





Carlos Lessa, No IPEA

"A crise mundial iniciada em 2008 promete vicissitudes que recolocarão o debate sobre futuro brasileiro. Voltarão ideia de planejar a reativação de um projeto nacional brasileiro"

A expressão “plano” esteve, assepticamente, livre de qualquer viés ideológico, até que, após a Revolução Comunista Soviética, foi utilizada como horizonte e guia político-econômico do Estado nacional. Ali teve início a formulação do I Plano Quinquenal Soviético e foi instalada uma equipe encarregada de planificar a trajetória futura da União Soviética. A partir desse momento, as expressões “plano” e “planificação” passaram a ser identificadas como o modo pelo qual o Estado socialista poderia dispensar as regras do jogo capitalista e atuar de forma organizada para a evolução da nova sociedade.

Em sentido amplo, propor fazer um plano nacional e instalar um processo de planificação marcavam uma posição de esquerda, e o debate ideológico passou a repudiar essas expressões como sínteses de uma prática hostil ao capitalismo, que buscavam  a  transformação  e  o  desenvolvimento econômico de uma nova ordem social e política.

As imperfeições microeconômicas da economia de mercado já haviam sido mapeadas pela análise neoclássica. As visões teóricas de um monopólio bilateral entre as relações do capital patronal e o trabalho assalariado já insinuavam ajustes institucionais em direção ao que se denominou economia social de mercado. O receituário político-econômico da economia política clássica liberal inglesa e as derivações da teoria do equilíbrio  geral neoclássico haviam feito evoluir da ideia de Estado gendarme, guardião de contratos e do livre jogo de mercado e decantado como paradigma liberal à figura do Estado mínimo, com os mais reduzidos instrumentos de atuação discriminatória. Houve um presidente chileno, Barros Lugo, que afirmou ser “muito fácil” seu cargo, pois os problemas ou eram auto-solucionáveis, ou não tinham solução e ele não tinha com o que se preocupar - e passou à história como nome de saboroso sanduíche local.

quarta-feira, julho 18, 2012

Os cabeças-de-planilha explicando o crescimento



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Um dos grandes desafios dos economistas é definir com correção relações de causalidade. Os de menor fôlego correlacionam séries estatísticas mas, na hora de definir a causalidade, acabam se enrolando na falta de um raciocínio mais sofisticado. Tome-se o caso dos economistas Pedro Ferreira e Renato Fragelli, da FGV-Rio, no Valor de hoje.
Sustentam eles que, no período da crise - 2008-2010 - cresceu a Produtividade Total dos Fatores (PTF). Até 2005 ela estava relativamente estagnada. Cresce no período 2008-2010 (junto com o crescimento da economia); cai de 2010 para cá (junto com a queda da economia).
Por que cresceu? Porque, segundo eles, no período imediatamente anterior (de estagnação da economia), especialmente no governo FHC foram feitas reformas modernizantes, cujos frutos foram colhidos no período seguinte.
De 2010 para cá caiu a economia e a PTF. Por que caíram? Porque no período imediatamente anterior - a do crescimento 2008-2010 - o governo Lula tomou um conjunto de medidas que diminuiu a eficiência da economia. E relacionam medidas que, a rigor, em nada afetaram a produtividade da economia, como as transferências do Tesouro para o BNDES. Se criou mais disponibilidade de recursos para financiamento, onde se perdeu eficiência?
O que esse pensamento cabeça-de-planilha fez foi simplesmente inverter a relação de causalidade.
O crescimento da economia permite um melhor aproveitamento da PTF, porque passa a utilizar melhor a capacidade instalada.
Exemplo simples:
1. A empresa A tem 100 trabalhadores e fabrica 1000 produtos por mês. A produtividade de cada trabalhador é de 10 produtos por mês.
2. Aumenta a demanda, a empresa passa a produzir 1.500 produtos por mês (50% a mais) mas aumenta sua filha para 110 trabalhadores (10% a mais). A produtividade por trabalhador aumentou para 13,64 - ou 36,4% a mais.
A rigor nada mudou, nem legislação trabalhista, nem tributária, nem máquinas novas, nem nada. Apenas a demanda aumentou mais do que o aumento da força de trabalho, ocupando melhor a capacidade instalada. Aplicado a todos os demais fatores, o exemplo mostra que o aumento da atividade econômica levou ao aumento da PTF, e não o inverso..
Os cabeças-de-planilha da FGV, no entanto, atribuem a melhoria da PTF de 2008-2010 às supostas reformas introduzidas por FHC nos seus oito anos.
Nem FHC nem Lula melhoraram em nada o ambiente econômico. Em ambos os períodos, a carga fiscal aumentou brutalmente (muito mais no período FHC), o custo do dinheiro assumiu níveis estratosféricos, o investimento público fo totalmente desviado para pagamento do serviço da dívida, não se mexeu na legislação trabalhista, não se desburocratizou a economia, não se agilizou o Judiciário, não se conferiu competitividade ao câmbio. Enfim, não houve nenhum avanço estrutural que levasse à melhoria da PTF e impulsionasse o crescimento.
A revolução ocorreu apenas no campo da demanda, com as políticas sociais de Lula. E, no período 2008-2010, o crescimento se deveu ao ativismo fiscal e monetário, ausentes do país desde o plano Real. Nas crises anteriores, a reação de Pedro Malan era mais choque fiscal, atuando pró-ciclicamente.
A FGV já teve ortodoxos mais capacitados a defender sua tese.
Até hoje não se refez da saída de Dionisio Dias Carneiro, Paulo Guedes, Paulo Rabello de Castro, Chico Lopes entre outros.

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